"A humanidade sempre sonhou com um milagre religioso: que os cegos enxergassem e que os surdos ouvissem. É provável que a humanidade triunfe um dia sobre a cegueira, a surdez e a deficiência mental. Porém as vencerá no plano social e pedagógico muito antes que no plano biológico e medicinal. É possível que não esteja longe o dia em que a pedagogia se envergonhe do próprio conceito de 'criança com defeito'. O surdo falante e o trabalhador cego, participantes da vida geral em toda a sua plenitude, não sentirão sua deficiência e não darão motivos para que outros a sintam. Está em nossas mãos o desaparecimento das condições sociais de existência desses defeitos, ainda que o cego continue cego e o surdo continue surdo. Provavelmente não serão compreendidos aqueles que disserem que um cego é deficiente. Assim, as pessoas dirão que um cego é um cego, que um surdo é um surdo, e nada mais."
Lev S. Vygotsky (1896-1934), In: Obras escogidas: Fundamentos de Defectología. Tomo V. Trad. Julio Guillermo Blank. Madri: Editora Visor, 1997. p. 82.
Lev S. Vygotsky (1896-1934), In: Obras escogidas: Fundamentos de Defectología. Tomo V. Trad. Julio Guillermo Blank. Madri: Editora Visor, 1997. p. 82.
Eu acho como surdo falante que sou, que as deficiências humanas são possibilidades que nos dá a existência para ouvir com o coração e apesar da discriminação existente numa sociedad ouvinte e vidente, sempre haverá uma razão para continuar pelo caminho da vida que é lindo vivê-la. Sendo educador surdo falante num mundo ouvinte, a juventude sempre tende a ver o meu defeito não como uma capacidade senão como uma diminuição, mas não acham que assim como eu perdi a audição, eles também podem perdê-la em qualquer comenos por qualquer trauma acústico. A discrimação obviamente que não é às claras é dissimulada, mas taí ferindo meus sentimentos de uma não muito bem-vista aceitação de todos os cidadãos na sociedade. É aí onde o surdo falante deve ter uma alta dose de amor-próprio que seja o coriga contra essas críticas e esses agravos contra sua pessoa e a sua dignidade humana.
ResponderExcluirOlá Henry, gostei das suas palavras e só faria uma resalva, no que diz respeito ao seu "defeito" não julgo como tal, uma vez que você apenas é diferente da maior parte das pessoas,você pode não ouvir, mas com certeza outras áreas sensoriais em você são beneficiadas.
ResponderExcluirJulgo também que seja um vencedor pois é um surdo falante, professor, lê, escreve e venceu barreiras que muitas pessoas sem nenhuma deficiência não conseguem.
Continue essa luta bonita que é a sua vida pois assim podemos acreditar que o mundo pode ser melhor sim!
Um abração.
Concordo com o amigo Henry quando ele destaca que nossa sociedade é ouvinte e vidente e descarta aqueles que fogem aos seus padrões já estabelecidos. Sou professor de educação básica I e namoro uma garota deficiente visual, estudo noções preliminares de LIBRAS no curso de Letras que faço e, a cada dia, vejo mais e mais como a sociedade descarta as pessoas deficientes. Devemos entender tais deficiências porque, como ele mesmo destaca, todos podemos ter alguma algum dia e, por tal motivo, é urgente incluir e se incluir em todos os grupos sociais. Nunca imaginei namorar uma garota quase cega e hoje tento me adaptar a ela. Mas quantas vezes não nos deparamos apenas com material escrito, escadarias, ou a maldita carteirinha municipal que só dá gratuidade na psassagem em algumas cidades? Há muito o que se mudar ainda, mas estamos caminhando, mesmo que a passos lentíssimos. Basta vermos o descaso das estações de trem com cadeirantes e pessoas cegas.
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